quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

 Testemunho de uma visita ao United States Holocaust Memorial Museum de Washington D.C. Museu do Holocausto de Melbourne (Austrália): uma das 21 placas de bronze da autoria de Andrew Rogers. 
 
Um visitante deste Museu.
Estados Unidos da América. Agosto de 1997. Umas férias planeadas na companhia de familiares. Sol, piscina, visitas a monumentos e museus. Claro! Umas férias normais.
No entanto, uma visita ao United States Holocaust Memorial 
Museum de Washington D.C. mudaria para sempre a minha visão sobre o Holocausto.
Numa tarde de sol, com um calor tórrido que dificultava até a respiração, dirigimo-nos à 15th Street Southwest, para uma visita a um museu que me marcaria para sempre. Talvez a visita com mais impacto na minha percepção histórica. Apesar de conhecer a perseguição aos judeus, aos deficientes e a outras minorias étnicas como os ciganos, e de ter observado documentários e filmes, o que vi naquele dia incutiu-me uma valorização realista do princípio da tolerância e do respeito pela dignidade humana.
O United States Holocaust Memorial Museum de Washington é um museu cinzento, com pouca luz, onde é rigorosamente proibido obter registos fotográficos, ou seja, o registo possível fica na nossa memória e acreditem que fica mesmo. As memórias que guardo da passagem do átrio cinzento, com uma placa negra em mármore com as inscrições em letras douradas e a chama que arde de forma contínua, ainda hoje estão presentes após 14 anos. Penso que nunca se consegue descrever com perfeição o que se sente e o que se vê. São momentos que se tornam difíceis de assimilar, dado que é aqui que realmente se toma o contacto com a realidade da barbárie praticada e baseada no fundamentalismo nazi, do qual não existe comparação.
Terminaria, realçando as imagens e os cheiros sentidos naquelas salas “embrenhadas” de dor, de sofrimento, de morte, e que ainda hoje permanecem na minha memória, desde os vagões dos comboios onde eram transportados os prisioneiros para os campos de concentração, as pilhas de roupas, as fardas dos prisioneiros, os sapatos (foi uma das imagens que ainda me marca), até aos documentos de identificação e os pertences das inúmeras crianças que padeceram – as maiores vitimas desta barbárie. 

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