Testemunho
de uma visita ao United States Holocaust Memorial Museum de Washington
D.C. Museu do Holocausto de Melbourne (Austrália): uma das 21 placas de
bronze da autoria de Andrew Rogers.
Um
visitante deste Museu.
Estados Unidos da América.
Agosto de 1997. Umas férias planeadas na companhia de familiares. Sol,
piscina, visitas a monumentos e museus. Claro! Umas férias normais.
No entanto, uma visita ao United States Holocaust Memorial
Museum de
Washington D.C. mudaria para sempre a minha visão sobre o Holocausto.
Numa tarde de sol, com um calor tórrido que dificultava até a
respiração, dirigimo-nos à 15th Street Southwest, para uma visita a um
museu que me marcaria para sempre. Talvez a visita com mais impacto na
minha percepção histórica. Apesar de conhecer a perseguição aos judeus,
aos deficientes e a outras minorias étnicas como os ciganos, e de ter
observado documentários e filmes, o que vi naquele dia incutiu-me uma
valorização realista do princípio da tolerância e do respeito pela
dignidade humana.
O United States Holocaust Memorial Museum de
Washington é um museu cinzento, com pouca luz, onde é rigorosamente
proibido obter registos fotográficos, ou seja, o registo possível fica
na nossa memória e acreditem que fica mesmo. As memórias que guardo da
passagem do átrio cinzento, com uma placa negra em mármore com as
inscrições em letras douradas e a chama que arde de forma contínua,
ainda hoje estão presentes após 14 anos. Penso que nunca se consegue
descrever com perfeição o que se sente e o que se vê. São momentos que
se tornam difíceis de assimilar, dado que é aqui que realmente se toma o
contacto com a realidade da barbárie praticada e baseada no
fundamentalismo nazi, do qual não existe comparação.
Terminaria,
realçando as imagens e os cheiros sentidos naquelas salas “embrenhadas”
de dor, de sofrimento, de morte, e que ainda hoje permanecem na minha
memória, desde os vagões dos comboios onde eram transportados os
prisioneiros para os campos de concentração, as pilhas de roupas, as
fardas dos prisioneiros, os sapatos (foi uma das imagens que ainda me
marca), até aos documentos de identificação e os pertences das inúmeras
crianças que padeceram – as maiores vitimas desta barbárie.
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